Foram
acordados com pontapés e spray de pimenta. Era a chamada “Operação Espantalho”,
mais uma com o objetivo de “limpar” as ruas do centro da cidade. Dessa vez, às
6h do domingo, 16 de setembro, a Guarda Civil Metropolitana (GCM) retirou
violentamente pessoas em situação de rua da frente da Faculdade de Direito do
Largo São Francisco.
No feriado de 7 de
setembro, ação parecida aconteceu no Parque Dom Pedro II. Na segunda-feira,
além do Largo São Francisco, também houve ação policial como essa na Avenida do
Estado. Os moradores de rua afirmam que possivelmente se trata da preparação de
uma ação de maior porte, que atinja outras áreas do centro, como a Sé, Viaduto
do Chá, Vale do Anhangabaú, entre outros.
Valorização Imobiliária
O excelentíssimo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, já demonstrou
que pretende fazer o que for necessário para abrir espaço para a valorização
imobiliária da região central da cidade. Se no início do ano implementou a
operação que ficou conhecida como “dor e sofrimento”, com GCM e Polícia Militar
reprimindo moradores de rua e usuários de crack na Luz, atualmente já incluiu
no seu rol de proibições o impedimento de distribuição gratuita de sopa e
livros na região.
Frente a esse cenário, organizações como a Clínica de Direitos Humanos
Luiz Gama, Núcleo de Direito à Cidade, SAJU, DCE Livre da USP, Fórum da
Esquerda, Centro Acadêmico XI de Agosto, Avante!, Centro Gaspar Garcia de
Direitos Humanos, Movimento Nacional da População de Rua e Movimento de Moradia
do Centro, organizaram um ato-vigília nessa segunda-feira (17).
Segurança Sim, Violência Não
Os cerca de 200 manifestantes formaram uma grande roda no interior da
Faculdade de Direito, organizada por um grupo de teatro dos estudantes, e
depois seguiram, sob gritos como “segurança sim, violência não” até o Largo São
Francisco. No mesmo cenário que antes foi palco da recente repressão policial,
todos se sentaram para ver a exibição de vídeos da Rede Rua e abrir o microfone
para as falas.
O padre Júlio Lancelotti, do Centro Santos Dias de Direitos Humanos,
afirmou que pretendem entrar com pedido de habeas corpus preventivo para a
população em situação de rua. “Foi uma crueldade o que a GCM fez com todos nós.
Chegaram às seis da manhã agredindo mulher grávida, batendo na cara de gente
dormindo, isso não é a maneira de um polícia que tá pra guardar um patrimônio
público se comportar, por isso nos revoltamos”, relatou Dedé, um dos muitos que
vivem nas ruas do Largo São Francisco. Permaneceram em vigília até o amanhecer
da terça-feira (18). Sob os muitos olhares e as câmeras ligadas, não houve
violência.